A24: Como um pequeno estúdio independente se tornou referência no cinema mundial
- Douglas Faccenda
- há 7 dias
- 2 min de leitura
Atualizado: há 5 dias

De produtora cult a gigante da inovação, A24 conquista público e crítica com filmes autorais, ousados e premiados
Nos últimos anos, é impossível falar sobre o “novo cinema” sem mencionar a A24. O estúdio, que começou de forma modesta em 2012, se consolidou como uma potência criativa no mercado cinematográfico, conquistando espaço entre os grandes nomes de Hollywood com uma proposta ousada: apostar em autenticidade, originalidade e liberdade artística.
Fundada por Daniel Katz, David Fenkel e John Hodges, a A24 surgiu com o objetivo de preencher uma lacuna entre o cinema independente e o mercado comercial. Em vez de seguir fórmulas de sucesso previsíveis, o estúdio decidiu investir em histórias únicas, diretores visionários e narrativas provocativas — e foi justamente essa ousadia que virou sua marca registrada.
Desde o início, a A24 se destacou por dar espaço a novos talentos e projetos que outros estúdios rejeitariam por parecerem “difíceis demais para o grande público”. Filmes como Hereditário (2018), de Ari Aster, e O Farol (2019), de Robert Eggers, são exemplos claros dessa abordagem: obras sombrias, esteticamente marcantes e repletas de camadas simbólicas.
Além disso, a A24 não teve medo de explorar gêneros muitas vezes ignorados pelo circuito tradicional, como o terror psicológico, o drama existencial e até mesmo a comédia surreal. Essa coragem rendeu frutos.
O momento de virada da A24 veio em 2017, com o aclamado Moonlight: Sob a Luz do Luar, que venceu o Oscar de Melhor Filme — superando grandes produções e se tornando um marco para o cinema independente. A vitória não apenas colocou o estúdio sob os holofotes, como provou que era possível conciliar prestígio crítico e relevância cultural.
De lá pra cá, a A24 continuou a emplacar sucessos como Lady Bird, Euphoria (série da HBO com produção associada), Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (vencedor de 7 Oscars em 2023) e A Baleia, que rendeu a Brendan Fraser o Oscar de Melhor Ator.
Outro diferencial da A24 é sua comunicação com o público. A marca se tornou uma espécie de “selo de qualidade cult”, com merchandising criativo, trailers que evitam spoilers e uma estética visual inconfundível. A audiência sabe: se é A24, provavelmente vale a pena assistir.
Além disso, o estúdio é mestre em viralizar online, com marketing orgânico, engajamento nas redes sociais e parcerias estratégicas que mantêm seus filmes relevantes mesmo com orçamentos modestos.A
A A24 representa uma mudança de paradigma no cinema contemporâneo. Em um cenário saturado por blockbusters e franquias, o estúdio mostra que ainda há espaço — e público — para histórias ousadas, poéticas e profundamente humanas. Com um catálogo cada vez mais respeitado e um modelo de negócios focado em arte e autenticidade, a A24 não é apenas um estúdio: é um fenômeno cultural.
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